Dunga revela por que abandonou a carreira como treinador

Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Dunga, notoriamente conhecido como o capitão do tetra, consolidou uma vasta carreira no futebol, tanto como jogador quanto como técnico. Entretanto, desde sua saída da Seleção Brasileira em 2016, após a Copa América Centenário, ele tem se mantido longe dos cargos de comando habituais no futebol. Além de estar focado em aproveitar momentos ao lado de sua família, Dunga também tem dedicado tempo ao instituto que leva seu nome.

Com 61 anos, o gaúcho analisa cuidadosamente o cenário atual do futebol e revela suas discordâncias com algumas práticas que se tornaram prevalentes no esporte no Brasil. Ele enfatiza seu desejo de se afastar de disputas que considera desgastantes, preferindo focar em atividades que tenham impacto social, como a iniciativa “Seleção do Bem 8”, que ajuda famílias no Rio Grande do Sul.

Por que Dunga desistiu de ser treinador?

Em entrevistas recentes, Dunga tem sido categórico ao declarar que não pretende retornar ao posto de treinador em um clube brasileiro. Para ele, as discordâncias entre suas convicções e as práticas atuais no futebol nacional são significativas. O ex-capitão destaca o uso da palavra “transição” no futebol, questionando como é possível implementá-la efetivamente em um time onde muitos jogadores têm mais de 35 anos e enfrentam a exaustiva maratona de viagens ao longo de uma temporada.

Ele também expressa crítica sobre a percepção atual de que se valoriza muito o treinamento realizado no exterior sem uma análise profunda e sustentável do que realmente foi aprendido. Para Dunga, existem técnicos qualificados no Brasil cujas contribuições são frequentemente ofuscadas por uma tendência de valorizar treinamentos internacionais de curta duração.

“Minha época já passou. Quando você tem um pensamento em que há choque com o que está acontecendo no futebol… Eu já briguei muito na minha vida e chega uma hora que você quer aproveitar. Hoje, todos falam uma palavra linda: “transição”. Se 50% de um time tem mais de 35 anos, como vai fazer transição e jogar em velocidade? Como fazer isso com o time viajando 70 mil km por ano? É uma contradição do que se fala. A gente muda de esquema, mas ao mesmo tempo fala que não tem tempo para treinar… Para que lado eu vou?”, disse Dunga.

Dunga fala sobre técnicos estrangeiros no Brasil

A discussão sobre a competência dos técnicos locais contra estrangeiros tem sido um tema frequente no cenário brasileiro. Dunga acredita que o mais importante é o que cada técnico pode trazer de benefício para o futebol local, independente de sua origem. Ele salienta a necessidade de valorizar aqueles que trazem inovações e são capazes de fazer contribuições reais, não apenas preencher espaço nas equipes.

Dunga ressalta ainda que no Brasil, muitas vezes não se considera o histórico de trabalho e os fatores contextuais que influenciam o desempenho dos treinadores. Segundo ele, há profissionais nacionais muito competentes, mas que lidam com diversas limitações, como estrutura do clube e lesões de jogadores, que são essenciais para o sucesso de qualquer projeto esportivo.